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Coluna

Não, a Pixar não está decadente. Você que não assiste mais mesmo…

Em “A Gaivota” de Tchekóv, Konstantin mata uma (adivinha…) gaivota e joga aos pés de uma moça muito inocente e pueril. A trama simboliza o fim da inocência e o início da dura realidade que é a vida adulta.

Deixem-me jogar um cadáver de gaivota aos pés de vocês: A Pixar Studios não está em sua decadência criativa. Foi a gente que cresceu mesmo.

***

Um post deveras sardônico tomou as rédeas da rede Bluskas este fim de semana (post que por si, tinha sido colado da rede social ao lado Xitter), mostrando o line-up do estúdio de animação que incluia somente 2 originais e uma cacetada de continuações – não nego que Coco 2 me pegou de surpresa, zero necessidade.

A maior parte das reclamações em quotes e replies, foram de que o estúdio já não é mais o mesmo, ou que não está sendo mais investido em criatividade desde a época áurea da Pixar nos anos 2000.

Errado. Vamos pensar um pouco:

A Pixar Animation Studios lançou um total de 10 produções originais desde 2015, abrangendo tanto longas-metragens para o cinema quanto uma série original para a plataforma de streaming Disney+.

No período, os filmes originais que chegaram às telas foram:

Quantos desses você viu? Tirando claro o blockbuster que se tornou Divertida Mente.

Basicamente, temos aí 1 filme original por ano contando atividade do estúdio até onde estamos agora 2025.

***

A saída de John Lasseter da Pixar, em 2018, marcou um dos momentos mais turbulentos da história da animação moderna. Depois de décadas sendo celebrado como o visionário por trás de sucessos como Toy Story e Carros, sua reputação foi abalada por denúncias de comportamento impróprio dentro do ambiente de trabalho. O anúncio de sua partida teve o peso de um fim de era: o homem que havia se tornado quase sinônimo da Pixar deixava o trono sob uma nuvem de polêmicas, e a sensação era de que a mágica estava ameaçada, como se a chama criativa que guiara gerações pudesse se apagar junto com sua saída.

Foi nesse cenário que Pete Docter, um dos diretores mais respeitados do estúdio, assumiu a liderança. Conhecido por sua sensibilidade em obras como Monstros S.A.Up e Divertida Mente, Docter foi recebido como um respiro de esperança. Sua chegada ao cargo de diretor criativo trouxe a promessa de um novo capítulo, menos centrado em personalidades e mais no coletivo criativo que sempre foi o coração da Pixar. Sob sua liderança, o estúdio buscava não apenas restaurar sua imagem, mas também provar que a imaginação e a emoção que definiram sua identidade poderiam florescer em um ambiente mais saudável, humano e transformador.

Docter já disse várias vezes que o estúdio busca um equilíbrio entre agradar acionistas (que na era do streaming, só enxergam IPs famosas e continuações) e agradar seus diretores criativos.

Acredito que tudo esteja no caminho.

Ano que vem teremos Hoppers, um filme original Pixar que tem uma premissa genial. E no outro ano, tem um filme de gatinho que promete agradar a massa.

Tudo anda bem pessoal.

Mas assim, você chegou a ir no cinema assistir o filme original Pixar “Elio” este ano?

Tudo bem que a qualidade pode ter caído um pouco, não é aquela obra de arte que a Pixar nos acostumou a ter. Mas em tempos de troca de comando e renovação artística, temos que apoiar quem está tentando revolucionar o estúdio e não somente se concentrar em continuações de filmes famosos da Pixar que provavelmente só existirão pra sustentar o impulso criativo de centenas de artistas de animação.


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